Turista da vida
De vez em quando o pensamento corre mais rápido do que consigo alcançar. Uma maratona de muitos quilômetros, puxando considerações em sequência, que vão evoluindo e crescendo. Ganhando força. Aquela coisa de quando a mente fica alguns segundos ociosa. Anda tão rápido que, quando cansa pelo excesso de informação, para e congela em uma frase ou conceito. Como se desse um tempo para respirar.
A parada é agradável. Eu seguro o pensamento pelo pé, antes que se afaste novamente, sendo levado a uma nova corrida entre ideias e outros momentos que não consigo captar. Uma frase se forma diante de mim, essência deste único pensamento que não conseguiu escapar: “Serei uma eterna turista”.
Pelos meus devaneios, pensei no significado de “turista” neste contexto. Aquele que sempre busca novos lugares para conhecer. Culturas novas, momentos novos, clientes novos, amigos novos. Será que, mesmo criando raízes, não somos todos turistas? Cuidadosa, continuo segurando o pensamento, agora pela mão. Não quero que ele escape.
Cada dia é diferente. Tudo muda, ainda que não pareça. Não se conhece nada como a palma da mão, nem mesmo a própria palma da mão. Porque a vida não é uma constância. Quero ser turista pela minha pequena eternidade, pois assim consigo enxergar, em cada dia de vida, um novo mundo para conhecer. Não é esta a liberdade que todos queremos? Abrir os olhos diariamente e saber que nada será igual a ontem? Liberdade.
Quando percebi, libertei o pensamento e ele voltou a se mover, desta vez, caminhando e apreciando a vista. Tal qual um verdadeiro turista.