Um novo Ritmo, por Claudia Bins
Conheça o primeiro post da nova colunista mensal do blog: Claudia Bins
Sento sozinha em um café, cores pastéis e frases engraçadinhas aliados a um menu simples me fazem sentir em casa, completamente à vontade. Sem pensar muito abro a bolsa e pego o celular enquanto noto um casal que entra pela porta. Ela, muito falante e ele meio ranzinza. Logo percebo o sotaque carregado nos esses e a conjugação dos verbos na segunda pessoa… quando foi que o “tu sabes” deixou de ser bonito para ser pedante? Não aqui… ainda não.

Lisboa tem mais que esses e erres, mais que verbos perfeitamente conjugados. É uma sensação de paz e luz difícil de explicar e tão fácil de sentir. A confusão turística com dezenas de línguas e figuras diferentes que se destacam em meio a multidão logo se esvai no primeiro café de bairro, onde senhores bem velhinhos tem uma taça de vinho em frente e um jornal – de papel! – nas mãos. A vida aqui acontece em dois ritmos perfeitamente distintos e, ainda assim, consoantes. O frenesi da Pink Street de um lado e o passo lento, cambaleante, das velhinhas de preto, subindo a ladeira, com cestas de vime nas mãos.
Lisboa tem alma. A mesma alma que mantém as roupas estendidas nos varais, despudoradamente mostrando intimidades a quem passa. A mesma alma que canta o fado mais triste com batom vermelho na boca. A mesma alma que faz os elétricos percorrerem os trilhos por ladeiras sinuosas, teimosamente coexistindo com trens que passam por baixo da terra e, que aqui, chamam “métro” e não metrô. Aqui o português é outro. A vida também é.

Sabe ritmo? No Brasil é samba, uma agitação, uma pressa, um carnaval. Em Portugal, não. São pessoas sentadas, simplesmente, contemplando o horizonte. Sem nada nas mãos.
Mudar para Portugal é como voltar para uma casa que eu nunca tive. É como reencontrar um caminho que nunca percorri. Tem sido mais que uma experiência de vida. Tem sido, em um ano, uma vida inteira.
Meu nome é Cláudia, e hoje começo a escrever sobre nossa vida fora do Brasil aqui no Livres e Selvagens. Somos uma família viajante que resolveu mudar de país e ampliar os horizontes para nossas filhas. Ao menos essa é a desculpa que damos a todos que perguntam. A verdade? Nem eu mesma sei…
Contamos nossas descobertas no blog www.aspasseadeiras.com.br e no instagram @as_passeadeiras, para quem quiser se aventurar com a gente. Vem?

7 de junho de 2018 @ 12:52
Lindo e poetico texto. Acho que Portugal contribuiu mas não fosse vc essa pessoa linda e sensível não teríamos um texto assim. Foi bom te conhecer pessoalmente. Beijocaa
8 de junho de 2018 @ 07:58
Portugal tem um ritmo diferente, mais leve, mais livre, mais feliz. E As Passeadeiras, com certeza terão – e já possuem – horizontes mais livres! Lindo texto!